O rei Luiz da França era sutil e gracioso, magro e alto, rosto angélico e face agradável. E vinha à igreja dos frades (para o capítulo) sem pompa real, com roupa de peregrino, com sacola e bastão no pescoço, no lugar das decorações reais. Não vinha a cavalo, mas a pé; era seguido por seus três irmãos, com igual humildade e hábito... Podia-se achar que ele era um monge quanto à devoção, mais do que um guerreiro valoroso para as armas da guerra.
Entrando na igreja dos frades, ajoelhou-se diante do altar permanecendo em oração... Depois, o Rei, com voz alta e clara,disse que ninguém devia entrar na aula capitular a não ser os cavaleiros junto com os frades, porque queria falar-lhes. E quando nos reunimos em capítulo, o Rei começou a informar-nos sobre as necessidades suas e do reino, recomendou a si mesmo, seus irmãos, a rainha, sua mãe e todo o reino, e, de joelhos, implorou as orações e as súplicas dos frades...
Tendo escutado as palavras de Frei João de Parma, o Rei agradeceu ao ministro geral, e foi tão feliz em sua resposta, que quis tê-la escrita com letras autênticas, confirmadas com o selo da Ordem. E assim foi feito.
Naquele dia o rei assumiu o encargo de todas as despesas e comeu com os frades no seu refeitório... (pp. 319-321).