Bem-aventurado Bernardo de Ofida - Capuchinho
Religioso da Primeira Ordem (1604-1694). Beatificado por Pio VI no dia 25 de maio de 1795.
O Beato Bernardo de Ofida nasceu aos 7 de novembro de 1604, em Ofida, nas Marcas de Ancona, na diocese de Áscoli (Itália), da humilde família dos Parani. Na infância dedicou-se a guardar rebanhos. Aos 22 anos foi recebido na Ordem dos Capuchinhos, no convento de Corinaldo, onde fez a profissão religiosa em 1627. Depois, no Convento, exerceu o ofício de enfermeiro, esmoleiro, cozinheiro, encarregado do quintal e porteiro, servindo seus irmãos. Distinguiu-se sempre pela sua caridade alegre e generosa, que lhe permitiu transformar todo seu trabalho no mais eficaz dos apostolados.
Aos 65 anos foi enviado para o convento de Ofida, onde prosseguiu seu trabalho de esmoleiro com muita alegria, vendo esse encargo como penitência e atividade apostólica muito proveitosa para as pessoas. O bispo de Áscoli, tendo sabido que os superiores pensavam mudá-lo de convento, foi ter com eles pedindo que o deixassem ali, pois, com sua vida de irmão simples e com vida tão evangélica e franciscana, fazia mais do que muitos missionários.
Frei Bernardo visitava os doentes para quem tinha sempre palavras de conforto. Quando dizia a algum doente que era preciso estar disposto a fazer a vontade do Senhor, era quase certa sua morte. Quando, pelo contrário, dizia que não tivesse receio porque a situação não tinha importância, era sinal de que o doente se curaria. Tinha como modelo São Félix de Cantalício. O encargo de esmoleiro era o campo do seu apostolado.
Partia, por longos caminhos, de povoação em povoação, com o alforje aos ombros, umas vezes coberto de pó e ensopado em suor debaixo do sol escaldante, outras vezes, coberto de neve com os pés intumescidos e a sangrar. Porém, sempre feliz e a prosseguir a sua missão, dócil na obediência, que considerava o único guia seguro na sua vida religiosa. Um dia, quando esmolava, recebeu apenas um bocado de pão e um frasco de vinho.
No convento, não havia mais nada. Aquilo, porém, foi o suficiente para toda a comunidade. Por vezes, quando recebia insultos em vez do pão e do vinho, continuava sereno e dizia a si mesmo: “Mantém-te alegre, Frei Bernardo, porque o pão e as demais esmolas são para o convento e os insultos são para ti”. Quando ouvia criticar qualquer pessoa, interrompia e dizia: “A verdadeira caridade compreende todas as faltas. Não julgueis e não sereis julgados”. À medida que ia envelhecendo, redobrava suas orações e penitências. Quando tinha 84 anos, seus superiores, vendo que este irmão velhinho se ia extinguindo, dispensaram-no dos seus encargos.
Era edificante vê-lo, então, prostrado diante de Jesus sacramentado em profunda adoração. Aos 22 de Agosto de 1694 recebeu o sagrado Viático e a Unção dos enfermos. Depois, dirigindo-se ao seu guardião, disse-lhe: “Irmão guardião, dai-me vossa bênção e mandai-me partir para o Céu”. Respondeu-lhe o guardião: “Espera, frei Bernardo, quero que antes me abençoes e abençoes também os teus irmãos”. Em nome da obediência, nosso irmão levantou a mão, que apertava o crucifixo, e traçou sobre os presentes grande sinal da cruz.
Antes de morrer, recomendou aos seus irmãos a observância fiel da Regra, o amor fraterno, a paz e a caridade para com os pobres. Após ter recebido a bênção e a obediência do seu guardião, expirou docemente. Tinha 90 anos. Foi beatificado por Pio VI a 25 de maio de 1795.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.