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21/03/2024

Bem-aventurado João de Parma

Sacerdote e Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores (108-1289), cujo culto mereceu a aprovação de Pio VI (01/03/1777)

 

João Buralli nasceu em Parma em 1208. Dotado de excepcionais dotes de inteligência, a conselho de um tio, sacerdote e capelão do hospício de São Lázaro, dedicou-se aos estudos com afinco e proveito. Doutorado em filosofia, foi encarregado de lecionar lógica na sua cidade de Parma. Mas, porém, do que pela sabedoria humana, sentia-se atraído pelo espírito evangélico de São Francisco. E assim, aos 25 anos ingressou na ordem dos frades menores, quando frei Elias era ministro geral. Depois da profissão, tendo em conta a sua cultura, os superiores enviaram-no a Paris para aperfeiçoar os estudos, e aí recebeu a ordenação sacerdotal. Começou então uma intensa atividade apostólica, distinguindo-se na pregação pelo conteúdo e pela forma agradável de expor a doutrina, e até pelo belo timbre de voz de que era dotado. Além disso, tinha noções de música e era um ótimo cantor.

 

Foi encarregado pelos superiores de lecionar teologia em vários centros de estudos da ordem, como Bolonha, Nápoles, e finalmente Paris, onde comentou a Bíblia e as Sentenças de Pedro Lombardo, como era da praxe. No capítulo geral da Ordem realizado em Lião em 1247, frei João de Parma, com 47 anos, foi eleito ministro geral, o sexto depois de São Francisco, e desempenhou durante dez anos. A tarefa não era nada fácil, pois a ordem encontrava-se em ebulição por questões da pobreza e do modo de vida dos irmãos. Como precursor da autêntica democracia, quis contatar com todas as fraternidades dispersas pela Europa, sujeitando-se a constantes e cansativas viagens a pé. A todos se apresentava não como superior, mas como servo, dando exemplo de humildade, prudência e austeridade. Em 1240 encontrou-se na Inglaterra com o rei Henrique III, e nesse mesmo ano visitou na França São Luís IX, de partida para a cruzada, Inocêncio IV enviou-o a Constantinopla como anjo da paz para tratar da reunificação dos católicos com o patriarca Manuel II. Embora não tivesse conseguido o resultado que se desejava, a personalidade do legado pontifício foi objeto de estima e admiração por parte dos gregos ortodoxos, pela sua vida exemplar e profunda cultura. De volta para o ocidente, regressou a Paris, e com o seu jeito paciente conseguiu acalmar os espíritos, de modo a serem readmitidos os religiosos no ensino universitário, contra as propostas de Guilherme de Santamore.

 

Havia na ordem duas tendências aparentemente inconciliáveis: a dos espirituais, que propugnavam por um retorno à rigidez da pobreza primitiva, e a dos conventuais, que advogavam uma interpretação mais benigna. No capítulo geral de 2 de fevereiro de 1257 João Parma apresentou a demissão de ministro geral e foi substituído por São Boaventura. Durante 30 anos viveu retirado no eremitério de Gréccio, em ambiente de austeridade e contemplação. João XXIII e Nicolau III ofereceram-lhe o barrete cardinalício, que ele sempre recusou com humildade. O papa incumbiu-o duma nova missão conciliatória à Grécia, que ele encetou, mas não concluiu, porque durante a viagem caiu doente, e a 19 de março de 1289 morreu em Camerino, onde foi sepultado na igreja de São Francisco. Os seus restos mortais, traslados para a catedral em 1873, tornaram-se meta de peregrinações.

 

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

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