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Sobre a alegria inadequada

Texto Original

De inepta laetitia

Caput XCIII - Contra vanam gloriam et hypocrisim.

 

130 
1 Verum spiritualem amplectens laetitiam, ineptam studiose vitabat, sciens ferventer diligendum quod perficit, nec minus vigilanter quod inficit fugiendum. 
2 Inanem quidem gloriam (cfr. Gal 5,26) elidere studebat in semine, non sinens quod Domini sui offenderet oculos (cfr. 1Re 29,7) subsistere vel momento. 
3 Nam multoties, cum multis attolleretur praeconiis, dolens et gemens protinus in tristitia subrogabat affectum. 
4 Tempore hiemali, cum nonnisi unica tunica sanctum eius corpusculum tegeretur, peciis admodum vilibus resarcita, guardianus suus, qui et socius eius erat, unum corium vulpinum acquirens et ad ipsum perferens dixit: 
5 “Pater, infirmitatem pateris splenis et stomachi; precor caritatem tuam in Domino, ut subtus tunicam patiaris istud consui corium. 
6 Quod si totum non placet, saltem supra stomachum fieri sine”. 
7 Cui beatus Franciscus: “Si vis ut sub tunica patiar istud, fac mihi eiusdem mensurae petiam exterius applicari, quae consuta de foris, indicet hominibus pellem intus absconditam”. 
8 Audit frater, nec approbat, instat, nec impetrat aliud. 
9 Acquiescente tandem guardiano, pecia supra peciam suitur, ne alius foris quam intus Franciscus esse monstretur. 
10 O idem lingua et vita! idem foris et intus! idem subditus et praelatus! 
11 Nihil extraneae, nihil privatae gloriae diligebas, qui semper gloriabaris in Domino (cfr. 1Cor 1,31). 
12 Sed pelliciatos ne offenderim, precor, si pellem pro pelle (cfr. Iob 2,4) positam dixerim; scimus enim innocentia spoliatos tunicis pelliceis (cfr. Gen 3,21) eguisse.

Texto Traduzido

De inepta laetitia

Capítulo 93 - Contra a vanglória e a hipocrisia.

 

130 
1 Tendo abraçado a alegria do espírito, evitava cuidadosamente a que é falsa, porque sabia que se deve querer com fervor o que aperfeiçoa, e fugir com vigilância ainda maior daquilo que prejudica. 
2 Tratava de destruir em seu germe toda glória vazia, não deixando sobreviver um só momento qualquer coisa que pudesse ofender os olhos de seu Senhor. 
3 Muito freqüentemente, quando o cobriam de elogios, sofria e até gemia, ficando muito triste. 
4 Num dia de inverno em que o santo, para cobrir seu pobre corpo, não tinha mais do que uma túnica remendada com trapos miseráveis, seu guardião, que também era seu companheiro, comprou uma pele de raposa e lha deu, dizendo: 
5 “Pai, estás doente do baço e do estômago. Eu te peço por teu amor ao Senhor que me deixes costurar este couro embaixo de tua túnica. 
6 Se não o quiseres inteiro, pelo menos permite colocar um pedaço em cima do estômago”. 
7 O bem-aventurado Francisco respondeu: “Se queres que eu aguente isso por baixo da túnica, manda pregar um remendo do mesmo tamanho pelo lado de fora, para mostrar que há uma pele escondida lá dentro”. 
8 O irmão ouviu e não concordou, ficou insistindo e não pedia outra coisa. 
9 No fim, o guardião acabou concordando e foi costurado um remendo por cima do outro, para não mostrar por fora o que não era por dentro. 
10 Ó como era igual o que falavas e o que vivia! Sempre foste o mesmo como súdito e como prelado! 
11 Não apreciavas nenhuma glorificação alheia ou particular, porque te gloriavas no Senhor! 
12 Mas, por favor, quando disse que uma pele foi posta no lugar da outra não quis magoar os que usam peles. Pois sabemos que também aqueles que perderam o estado de inocência precisaram de túnicas de pele.