92
1 No tempo em que São Francisco esteve no palácio do bispo de Rieti, para cuidar de sua doença dos olhos, foi consultar o médico uma pobrezinha de Maquilone, que tinha a mesma doença que o santo.
2 Conversando familiarmente com o guardião, o santo começou a insinuar: “Irmão guardião, precisamos devolver o que não é nosso”.
3 “Se estivermos com alguma coisa, vamos devolver”, respondeu o guardião.
4 “Vamos devolver esta capa, que recebemos emprestada desta pobrezinha, porque ela não tem nada em sua bolsa para as despesas”.
5 “Mas essa capa é minha, disse o guardião, e não foi emprestada por ninguém.
6 Use-a enquanto te aprouver, mas tens que devolvê-la a mim quando não a quiseres mais”.
7 (Na realidade, tinha-a comprado o guardião um pouco antes, para a necessidade de São Francisco).
8 “Irmão guardião, insistiu o santo, sempre foste cortês comigo. Peço-te que mostres tua cortesia”.
9 “Pai, faz como quiseres, tudo que o Espírito te sugerir!” disse o guardião.
10 Então mandou chamar um secular muito devoto e lhe disse:
11 “Toma esta capa e doze pães, e vai dizer àquela mulher pobrezinha:
12 O pobre a quem emprestaste a capa manda agradecer o empréstimo. Agora fica com o que é teu”.
13 Ele foi e disse como tinha ouvido.
14 Mas a mulher, pensando que estava sendo enganada, disse enrubescida: “Deixa-me em paz com tua capa”.
15 Mas o homem insistiu e lhe colocou tudo nas mãos.
16 Vendo que não havia engano e com medo de perder lucro tão fácil, a mulher se levantou de noite e, esquecendo o tratamento dos olhos, foi embora com a capa.