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44. A estrofe do perdão

Texto Original

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1 Eodem tempore cum iaceret infirmus, predicatis Laudibus et iam compositis, episcopus civitatis Assisii, qui tunc erat, excomunicavit potestatem Assisii, 
2 cum contra ipsum indignatus ille qui erat potestas fecit fortiter et curiose preconizari per Assisii civitatem, ut nullus homo sibi venderet aut ab ipso emeret aut cum ipso contractum faceret; et ita nimis oderant se ad invicem. 
3 Beatus Franciscus, dum esset ita infirmus, pietate motus est super eos (cfr. Luc 7,13), maxime quia nullus religiosus vel secularis de illorum pace et concordia se intromittebat. 
4 Et ait sociis suis: “Magna verecundia est vobis servis Dei, quod episcopus et potestas ita se ad invicem odiunt et nullus de illorum pace et concordia se intromittit”. 
5 Et sic unum versum fecit in illis Laudibus illa occasione, videlicet: 
6 Laudato si, miu Segnore, per quilli ke perdonano per lo tuo amore e sustengu enfirmitate e tribulatione; 
7 beati quilgli kel sosteranno en pace: ka da te, Altissimo, siranno coronati. 
8 Postea vocavit unum de sociis suis dicens illi: “Vade, et dic ex parte mea potestati, ut ipse cum magnatibus civitatis et aliis, quos secum ducere potest, veniat ad episcopatum”. 
9 Et illo eunte dixit aliis duobus sociis suis: “Ite et coram episcopo et potestate et aliis qui sunt cum ipsis cantate Cantum fratris Solis, et confido in Domino (cfr. Ps 10,2) quod ipse humiliabit corda ipsorum et pacificabuntur ad invicem et revertentur ad pristinam amicitiam et dilectionem”. 
10 Et congregatis omnibus in platea claustri episcopatus, surrexerunt illi duo fratres et unus illorum dixit: “Beatus Franciscus in sua infirmitate fecit Laudes Domini de suis creaturis ad laudem eius et hedificationem proximi. 
11 Unde ipse rogat vos, ut ipsas audiatis cum magna devotione”. 
12 Et sic inceperunt cantare et dicere eis. 
13 Et statim potestas surrexit et iunctis brachiis et manibus cum magna devotione quasi Evangelium Domini, immo etiam cum lacrimis, intente audivit. 
14 Habebat enim magnam fidem et devotionem in beato Francisco. 
15 Finitis Laudibus Domini, dixit potestas coram omnibus: “In veritate dico vobis, quod non solum domino episcopo quem pro meo domino habere debeo, sed si quis germanum meum aut filium interfecisset, sibi indulgerem”. 
16 Et ita proiecit se ad pedes (cfr. Mat 15,30) domini episcopi dicens ad eum: “Ecce paratus sum per omnia satisfacere vobis, sicut vobis placuerit amore Domini nostri Iesu Christi et eius servi beati Francisci”. 
17 Episcopus accipiens ipsum cum manibus surrexit et dixit ad eum: “Ex officio meo conveniret me esse humilem, sed quia ad iracundiam sum naturaliter pronus, oportet quod michi indulgeas”. 
18 Et sic cum multa benignitate et dilectione amplexati et obsculati sunt ad invicem. 
19 Et mirati sunt plurimum fratres considerantes sanctitatem beati Francisci, quod ad litteram fuit verum quod de illorum pace et concordia predixerat beatus Franciscus; 
20 et omnes alii, qui ibi aderant et qui audierant, habuerunt illud pro magno miraculo meritis beati Francisci ascribentes, quod tem cito visitavit eos Dominus et quod, sine recordatione alicuius verbi, de tanto scandalo ad tantam concordiam redierunt. 
21 Unde nos qui fuimus cum (cfr. 2Pet 1,18) beato Francisco, testimonium perhibemus (cfr. Ioa 21,24; 3Ioa 12), quod semper cum prediceret: “Aliquid sic est, vel erit”, ad litteram fere fiebat; 
22 et nos oculis nostris vidimus (cfr. 1Ioa 1,1), quod longum esset ea scribere et enarrare.

Texto Traduzido

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1 Nesse mesmo tempo, quando jazia doente, tendo já pregado e composto os Louvores, o que então era bispo da cidade de Assis, excomungou o prefeito da cidade. 
2 Pois, indignado contra ele, o que era prefeito fez forte e curiosamente preconizar pela cidade de Assis que ninguém vendesse ou comprasse alguma coisa dele, ou fizesse algum contrato; e por isso eles se odiavam muito um ao outro. 
3 O bem-aventurado Francisco, como estava tão doente. Ficou com pena deles, principalmente porque nenhum religioso ou secular se intrometia para cuidar de sua paz e concórdia. 
4 E disse a seus companheiros: “É uma grande vergonha para vós, servos de Deus, que o bispo e o prefeito se odeiem desse jeito e nenhuma pessoa entre no meio para cuidar de sua paz e concórdia”. 
5 E sim fez um verso nas seus Louvores para aquela ocasião, este: 
6 Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdiam pelo teu amor e suportam enfermidade e tribulação; 
7 bem-aventurados os que as suportarem em paz, porque por ti, Altíssimo, serão coroados”. 
8 Depois chamou um de seus companheiros, dizendo-lhe: “Vá dizer de minha parte ao prefeito que ele com os magnatas da cidade e outros, que pode levar consigo, venha ao palácio do bispo”. 
9 E quando ele foi disse a outros dois companheiros seus: “Ide também diante do bispo, do prefeito e dos outros que estão com eles e cantai o Cântico de Frei Sol. E confio no Senhor que há de humilhar os corações deles, vão fazer as pazes entre eles e voltaram à antiga amizade e bem-querer”. 
10 E quando todos se reuniram na praça do claustro da casa do bispo, levantaram-se aqueles dois frades e um disse: “O bem-aventurado Francisco compôs em sua doença os Louvores do Senhor por suas criaturas, para louvor dele e edificação do próximo. 
11 Por isso ele vos roga que as ouçais com grande devoção”. 
12 E então começaram a cantar e a dizer-lhes. 
13 E imediatamente o prefeito levantou-se, juntou os braços e as mãos com grande devoção, como se fosse o Evangelho do Senhor, e também com lágrimas, ouviu atentamente. 
14 Pois tinha muita confiança e devoção pelo bem-aventurado Francisco. 
15 Quando acabaram os Louvores do Senhor, o prefeito disse diante de todos: “Na verdade eu vos digo que perdôo não só ao senhor bispo, que preciso ter como meu senhor, mas perdoaria mesmo quem matasse meu irmão ou filho”. 
16 E assim se lançou aos pés do senhor bispo, dizendo-lhe: “Eis que estou pronto a satisfazer-vos em tudo, como vos aprouver por amor de nosso Senhor Jesus Cristo e de seu servo bem-aventurado Francisco”. 
17 O bispo, tomando-o pelas mãos, levantou-o e lhe disse: “Por meu ofício convinha que eu fosse humilde, mas como sou notavelmente inclinado à ira, é preciso que me perdoes”. 
18 E assim com muita bondade e afeição se abraçaram e beijaram”. 
19 E os frades ficaram muito admirados, considerando a santidade do bem-aventurado Francisco porque aconteceu à letra o que o bem-aventurado Francisco tinha predito sobre a paz e a concórdia deles. 
20 E todos os outros, que lá estavam presentes e que ouviram, tiveram o fato como um grande milagre, atribuindo-o aos méritos do bem-aventurado Francisco, porque o senhor visitou-os tão depressa que, sem lembrar nenhuma palavra, voltaram de tamanho escândalo para tanta concórdia. 
21 Por isso nós que estivemos com o bem-aventurado Francisco damos testemunho de que predizia: “Alguma coisa é assim, ou vai ser”, acontecia quase à letra. 
22 E nós vimos com nossos olhos, mas seria longo escrever e contar todas essas coisas.