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Sobre a recomendação da Regra dos irmãos

Texto Original

De commendatione Regulae fratrum

Caput CLVIII - De commendatione Regulae beati Francisci, et de fratre qui eam portabat secum.

 

208 
1 Communem professionem et Regulam ardentissime zelabatur, et illos qui circa eam zelotes essent, singulari benedictione dotavit. 
2 Hanc enim suis dicebat librum vitae (cfr. Sir 24,32), spem salutis (cfr. 1The 5,8), medullam Evangelii, viam perfectionis, clavem paradisi, pactum aeterni foederis (cfr. Gen 17,13). 
3 Hanc volebat haberi ab omnibus, sciri ab omnibus, et ubique in allocutionem taedii (cfr. Sap 8,9) et memoriam praestiti iuramenti cum interiore homine (cfr. Rom 7,22) fabulari. 
4 Docuit eam semper in commonitionem agendae vitae portare prae oculis, quodque plus est, cum ipsa mori debere. 
5 Cuius instituti non immemor quidam laicus frater, quem intra martyrum numerum credimus esse colendum, palmam assecutus est gloriosae victoriae. 
6 Nam cum a Saracenis ad martyrium peteretur, summis manibus Regulam tenens, genibus humiliter incurvatis, sic socio dixit: 
7 “De omnibus, quae contra sanctam istam Regulam feci, frater carissime, ante oculos Maiestatis (cfr. Is 3,8) et coram te, culpabilem me proclamo”. 
8 Successit brevi confessioni gladius, quo martyrio vitam finivit, signisque et prodigiis (cfr. 2Cor 12,12) postmodum claruit. 
9 Hic iuvenculus intraverat Ordinem adeo, ut ferre vix posset ieiunium regulare, cum tamen loricam ad carnem sic puerulus deferebat. 
10 Felix puer, qui feliciter incepit, ut felicius consummaret (cfr. Sir 18,6).

Texto Traduzido

De commendatione Regulae fratrum

Capítulo 158 - Sobre a recomendação da Regra do bem-aventurado Francisco, e sobre um frade que levava consigo.

 

208 
1 Tinha um zelo ardente pela profissão comum e pela Regra, e deixou uma bênção especial para os que eram zelosos por ela. 
2 Pois dizia aos seus que a Regra era o livro da vida, a esperança da salvação, a medula do Evangelho, o caminho da perfeição, a chave do paraíso, o pacto da aliança eterna. 
3 Queria que todos a possuíssem e que todos a conhecessem, para que fosse consolação no tédio e recordação do juramento prestado para conversar com o homem interior. 
4 Ensinou que se devia ter sempre a Regra diante dos olhos para dirigir a vida e, até mais, que com ela se deveria morrer. 
5 Houve um irmão leigo que não se esqueceu dessa recomendação, conseguindo assim a palma de uma vitória gloriosa, e creio que deve ser venerado entre os mártires. 
6 Pois quando os sarracenos o levavam para o martírio, levantando a Regra nas mãos e humildemente ajoelhado, ele disse ao companheiro: 
7 “Irmão caríssimo, diante dos olhos da Majestade e diante de ti, declaro-me culpado de tudo que fiz contra esta santa Regra”. 
8 A essa breve confissão sobreveio a espada, e assim morreu martirizado, ficando célebre depois por sinais e prodígios. 
9 Tinha entrado na Ordem bem jovem, a ponto de mal aguentar o jejum regular. No entanto, apesar de tão jovem, cingia-se de cilício. 
10 Feliz menino, que começou bem para terminar ainda melhor.