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109. A última saudação de Clara

Texto Original

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1 In illa hebdomada qua [migravit] beatus Franciscus, domina Clara, Ordinis sororum prima plantula, abbatissa sororum pauperum monasterii Sancti Damiani de Assisio, emulatrix sancti Francisci in conservando semper paupertatem Filii Dei, cum esset tunc valde infirma et timeret mori, antequam beatus Franciscus, plorabat amaro animo (cfr. 2Re 17,8) et consolari non poterat 
2 quia ante obitum suum videre non valebat unicum patrem suum post Deum, videlicet beatum Franciscum, consolatorem utriusque hominis ac etiam primum fundatorem suum in gratia Dei. 
3 Et ideo per quemdam fratrem beato Francisco significavit. 
4 Beatus Franciscus hoc audiens, cum diligeret eam ac eius sorores paternali affectione propter earum sanctam conversationem, motus est ad pietatem, maxime quia post paucos annos, ex quo cepit habere fratres, Domino cooperante, suis monitis conversa fuit ad Dominum; 
5 de cuius conversione non solum Religioni fratrum hedificatio magna fuit, sed etiam universali Ecclesie Dei. 
6 Sed considerans beatus Franciscus, quoniam quod desiderabat, videlicet ipsum videre, tunc fieri non posset, quoniam uterque graviter infirmabatur, ad consolandum ipsam scripsit ei per litteram suam benedictionem, 
7 ac etiam absolvit ipsam ab omni defectu, si quem habuisset, in eius mandatis et voluntatibus et mandatis et voluntatibus Filii Dei. 
8 Insuper ut deponeret omnem tristitiam et consolaretur in Domino, non ipse, sed Spiritus Dei locutus est in eo hec verba dicens eidem fratri, quem ipsa miserat: 
9 “Vade et porta litteram hanc domine Clare et dices ei quod deponat omnem dolorem et tristitiam, quia modo me videre non potest; 
10 sed in veritate sciat quod ante obitum suum tam ipsa, quam eius sorores me videbunt et maximam consolationem de me habebunt”. 
11 Factum est autem ut, cum paulo post migraret de nocte beatus Franciscus, mane facto, universus populus (cfr. Mat 27,25) virorum et mulierum civitatis Assisii, cum universo clero, tollentes sanctum corpus de loco, ubi obierat, cum hymnis et laudibus, et accipientes singuli ramos arborum de voluntate Domini portarent illud ad Sanctum Damianum, 
12 ut impleretur sermo quem Dominus locutus est in sancto suo ad consolandum filias et ancillas suas. 
13 Et remota crate ferrea de fenestra, per quam Christi ancille communicare solent et aliquando audire verbum Dei, tulerunt fratres sanctum corpus de lecto et tenuerunt ipsum inter brachia ad fenestram per magnam horam, 
14 donec domina Clara ac eius sorores haberent de ipso maximam consolationem, licet lacrimis multis plene et afflicte doloribus essent, quoniam post Deum ipse erat unica consolatio earum in hoc seculo.

Texto Traduzido

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1 Naquela semana em que o bem-aventurado Francisco migrou, dona Clara, primeira muda da Ordem das Irmãs, abadessa das irmãs pobres do mosteiro de São Damião de Assis, emuladora de São Francisco para observar sempre a pobreza do Filho de Deus, como estava então muito doente e temia morrer antes do bem-aventurado Francisco, chorava amargamente e não podia ser consolada, 
2 porque não podia ver antes de sua morte o seu único pai depois de Deus, isto é, o bem-aventurado Francisco, consolador de sua vida interior e exterior e também seu primeiro fundador na graça de Deus. 
3 E fez o bem-aventurado Francisco saber disso por um frade. 
4 Ouvindo isso, o bem-aventurado Francisco, como amava a ela e a suas irmãs com afeto paternal por causa de seu santo comportamento, movido pela piedade, principalmente porque ela foi convertida para o Senhor por seus conselhos poucos anos depois que tinha começado a ter irmãos, pela cooperação do Senhor; 
5 e sua conversão foi de grande edificação não só para a Religião dos frades mas para toda a Igreja de Deus. 
6 Mas o bem-aventurado Francisco, considerando que o que ela desejava, isto é, vê-lo, então não era possível, porque os dois estavam gravemente enfermos, para consolá-la escreveu-lhe a sua bênção por uma carta, 
7 e também absolveu-a de todo defeito, se tivesse algum, em suas ordens e vontades como também nas ordens e vontades de Deus. 
8 Além disso, para que deixasse toda tristeza e fosse consolada no Senhor, não ele mas o Espírito de Deus falou nele estas palavras, dizendo ao mesmo frade que ela enviara: 
9 “Vá e leve esta carta para dona Clara, e lhe dirás que deixe toda dor e tristeza, porque agora não pode me ver; 
10 mas siba em verdade que, antes de sua morte, tanto ela como suas irmãs me verão e terão a maior consolação”. 
11 Mas aconteceu que, como pouco depois o bem-aventurado Francisco migrou de noite, quando chegou a manhã todo o povo de homens e mulheres da cidade de Assis, com todo o clero, tomando o santo corpo do lugar onde tinha morrido, com hinos de louvor pegaram todos ramos de árvores por vontade do Senhor para levá-lo a São Damião, 
12 para que se cumprisse a palavra que o Senhor tinha dito em seu santo para consolar suas filhas e servas. 
13 Removendo a grade de ferro da janela pela qual as servas de Cristo costumam comungar e ouvir às vezes a palavra de Deus, os frades tiraram o santo corpo da maca e o seguraram em seus braços junto da janela por uma boa hora, 
14 até que dona Clara e suas irmãs tiveram dele a maior consolação, mesmo estando cheias de muitas lágrimas e aflitas de dores, porque depois de Deus ele era sua única consolação neste século.