Selecione

64. Alegria do Santo perto da morte

Texto Original

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1 Cum in palatio episcopatus Assisii beatus Franciscus iaceret valde infirmus illis diebus quando reversus est de loco Bagnarie, timens populus Assisii, si de nocte moreretur sanctus, [ipsis] nescientibus, ne fratres occulte tollerent sanctum corpus et in alia civitate collocarent, constituerunt ut in qualibet nocte extra murum palatii in circuitu ab hominibus diligenter custodiretur. 
2 Beatus Franciscus licet esset infirmus valde, ad consolandum tamen spiritum suum, ne deficeret aliquando ex magnis et diversis suis infirmitatibus, sepe de die suos socios Laudes Domini cantare faciebat, quas ipsemet longo tempore ante in sua infirmitate fecerat; 
3 similiter etiam de nocte, maxime ad hedificationem illorum custodum, qui de nocte extra palatium propter ipsum vigilabant. 
4 Cumque consideraret frater Helias, quod beatus Franciscus ita se confortaret et gauderet in Domino in tanta infirmitate positus, quadam die dixit ad ipsum: 5 “Carissime frater, de omni letitia quam pro te et sociis tuis in tanta afflictione et infirmitate ostendis, sum plurimum consolatus et hedificatus; 
6 sed licet in vita et in morte homines istius civitatis te venerentur pro sancto, tamen quia credunt firmiter propter tuam magnam et incurabilem infirmitatem te in proximo moriturum, audientes huiusmodi Laudes cantari, possent cogitare aut dicere intra se: 
7 Quomodo tantam letitiam hic ostendit qui est prope mortem? Deberet enim de morte cogitare”. 
8 Dixit ad eum beatus Franciscus: “Recordaris cum apud Fulgineum visionem vidisti et dixisti michi, quod quidam dixit tibi, quod non deberem vivere nisi duobus annis? 
9 Antequam illam visionem videres, per gratiam Sancti Spiritus, qui omne bonum suggerit (cfr. Ioa 14,26) in corde et in ore ponit (cfr. Is 59,21) fidelium suorum, sepe de die et nocte considerabam finem meum (cfr. Ps 38,5); 
10 sed ab illa hora, qua visionem vidisti, cotidie fui magis sollicitus considerare diem mortis”. 
11 Et ait cum magno fervore spiritus: “Dimitte me, frater, gaudere in Domino (cfr. Phip 4,4) et in laudibus eius, in infirmitatibus meis, 
12 quoniam, gratia Spiritus Sancti cooperante, ita sum unitus et coniunctus cum Domino meo, quod per misericordiam suam bene possum in ipso Altissimo iucundari”.

Texto Traduzido

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1 Quando o bem-aventurado Francisco jazia muito doente no palácio do bispado de Assis, naqueles dias em que tinha voltado de Bagnara, temendo que o santo morresse de noite, sem que eles soubessem, e os frades levassem ocultamente o santo corpo para coloca-lo em outra cidade, os habitantes de Assis estabeleceram que todas as noites ele fosse guardado diligentemente por homens por fora do muro ao redor do palácio. 
2 O bem-aventurado Francisco, embora estivesse muito doente, para consolar seu espírito, para que alguma vez não desfalecesse por suas grandes e variadas numerosas enfermidades, fazia com que seus companheiros cantassem muitas vezes, de dia, os Louvores do Senhor, que ele mesmo compusera muito tempo antes em sua enfermidade. 
3 De maneira semelhante também de noite, principalmente para a edificação daqueles guardas que vigiavam durante a noite, fora do palácio, por causa dele. 
4 Como Frei Elias estivesse achando que o bem-aventurado Francisco estava se confortando e alegrando tanto no Senhor, no meio de tão grande doença, disse-lhe um dia: 
5 “Caríssimo irmão, estou muito consolado e edificado com toda essa alegria que demonstras por ti e por teus companheiros em tão grande aflição e doença; 
6 mas, embora as pessoas desta cidade te venerem como santo, na vida e na morte, como acreditam firmemente que vais morrer logo por causa de tua grande e incurável doença, ouvindo cantar esses Louvores podem pensar ou dizer dentro de si: 
7 “Como demonstra tanta alegria esse que está perto da morte? Pois deveria pensar na morte”. 
8 Disse-lhe o bem-aventurado Francisco: “Tu te lembras de quando tiveste uma visão em Foligno e me contaste que alguém te disse que eu não deveria viver mais do que dois anos? 
9 Antes que tivesses aquela visão, pela graça do Espírito Santo, que sugere todo bem no coração e o coloca na boca de seus fiéis, muitas vezes, de dia e de noite, eu considerava o meu fim. 
10 Mas, desde aquela hora em que tiveste a visão, fui todos os dias mais solícito em considerar o dia da morte”. 
11 E disse com grande fervor de espírito: “Irmão, deixa que eu me alegre no Senhor e em seus louvores, no meio de minhas doenças. 
12 Porque, com a cooperação da graça do Espírito Santo, estou tão unido e e íntimo com o meu senhor, que por sua misericórdia bem que posso me alegrar no Altíssimo”.