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Homilia da Quinta-feira Santa - (09/04/2020) - Frei João Santiago

Publicado por Frei João de Araújo Santiago | 08/04/2020 - 17:50

Qual minha marca?

- “Antes da festa da Páscoa ... 2.Durante a ceia – quando o de­mônio já tinha lançado no coração de Judas, filho de Simão Iscario­tes, o propósito de traí-lo – ... 4.levantou-se da mesa, depôs as suas vestes e, pegando duma toalha, cingiu-se com ela. 5.Em seguida, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido”.

a)Jesus, enquanto ceava pela ultima vez com os seus queridos discípulos, realiza um gesto que resume toda a sua vida, vida tecida, costurada, através de tantos outros gestos de atenção redobrada para com tantas pessoas que dele se aproximaram. Gesto que resume também sua fidelidade ao Pai: o gesto de lavar os pés dos discípulos.

No gesto de lavar os pés, Nosso Senhor, realizando aquele serviço reservado somente para os escravos da casa, se revela como o eterno servidor dos filhos de Deus.

b)O cuidado de Jesus para com Judas Iscariotes “beira as raias da loucura”, pois Ele, Jesus, se inclina diante de um endemoniado (O demônio já estava no íntimo de Judas), a fim de que Judas não se perca. A meditação deste gesto de Jesus para com Judas nos leva a muitas conclusões. No entanto, podemos ficar com uma pergunta: “Até onde estou disposto ir para que o outro não se perca?”

 

- “12.Depois de lhes lavar os pés e tomar as suas vestes, sentou-se novamente à mesa e perguntou-lhes: “Sabeis o que vos fiz? 13.Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. 14.Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns dos outros.* 15.Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós”.

a)O discipulado não é qualquer coisa; ser discípulo de Jesus de Nazaré exige uma prática bem precisa e uma marca distintiva: a prática da caridade que alivia a dor do outro. Além do mais, inclinar-se e lavar os pés do outro deixa bem claro que..... a prioridade é o outro. Somente colocando o “lava-pés” em prática é que teremos a “sanação” de nossas comunidades e famílias.

b) Os hebreus, celebrando a Páscoa, comiam de pé, com o ventre cingido, com o cajado na mão. Com tais atitudes queriam dizer que o seguidor de Javé não pertence ao “mundão” marcado pela injustiça, pela mentira e pelo mal de toda espécie. Nós, cristãos, seguindo nosso Mestre Jesus, temos também nossas atitudes que dizem que não pertencemos ao “mundão”: saímos de nossa posição privilegiada, depomos nossas vestes que nos separam, usamos a toalha do serviço, aceitamos os pés, os caminhos, as andanças, a história de cada um, melhoramos (lavamos) o seu caminhar com a nossa presença e colaboramos para que o caminho do irmão não seja tão dolorido.

Sobre o autor
Frei João de Araújo Santiago

Frade Capuchinho, da Província Nossa Senhora do Carmo. Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Mestre em Teologia Espiritual. Tem longa experiência como professor, seja no Brasil, como na África, quando esteve como missionário. Por vários anos foi formador seja no Postulantado, como no Pós Noviciado de Filosofia. Atualmente mora em Açailândia-MA. Já escreveu vários livros e muitos artigos.