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Homilia da Segunda feira da Semana Santa (06/04/2020) - Frei João Santiago

Publicado por Frei João de Araújo Santiago | 06/04/2020 - 11:13

Segunda-feira da Semana Santa

(João 12, 1-11)

"... 3.Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo. 4.Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse: 5.“Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?”. ... 7.Jesus disse: “Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura. 8.Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis ... ”.

 

- “Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo” Podemos até pensar que Maria (a irmã de Marta e Lázaro) realizou um gesto inconsequente e louco, um desperdício. Mas podemos pensar também que o seu gesto seja expressão de um “amor total e sem reservas”. Ungindo a Jesus, Maria reconhece a Jesus como Messias que deve reinar sobre ela e sobre todos. Enxugando os pés do “Mestre” com os cabelos, Maria se faz esposa do Esposo e declara que encontrou em Jesus sua redenção, o amor do seu coração. No “Cântico dos Cânticos”, o “Nome de Deus” é “Perfume” (“... o seu Nome é nardo exalado” – 1, 3). Deus é amor, é puro perfume, é pura fragrância e como todo perfume e como toda fragrância não se retém, mas se dá, “se exala”.

“Onde há amor e caridade, Deus aí está”. Naquele dia, Maria amou a Jesus, amou a Deus, e Deus que é amor, apareceu, “nasceu” naquela casa e todos puderam sentir. O verdadeiro “Natal” aconteceu, Jesus foi acolhido com amor, com perfume, pois Maria a Ele se entregou como um perfume que se “gasta” no corpo da pessoa perfumada. Naquele dia, alguém aprendeu a lição: Maria imitou a Jesus tornando-se perfume para o outro, para Jesus. Naquele dia, Maria, dando-se a Jesus, confirmou o Mestre no propósito de afrontar a Cruz, pois Ele se viu amado e acolhido em grandes proporções.

Jesus também exalará o seu perfume na Cruz a fim de que nós também cheguemos a perfumar e não empestear os nossos ambientes.

-  “A casa encheu-se do perfume do bálsamo”: finalmente tudo se realiza, a “Criação” de Deus, a nossa casa, a nossa família, a nossa alma, se enche de perfume e Deus passa a nos habitar. A vida se torna plena e cheia de sentido. A amargura e todo “espírito ruim” são banidos.

- “Jesus disse: ‘Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura’”. Isto é: ela, derramando o seu perfume sobre Jesus, estava observando o maior dos mandamentos e estava fazendo Deus acontecer e reinar. Deus é amor e o amor vence a morte (Cf. 1Jo 3, 14).

- “Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis”. Sempre teremos entre nós os mais necessitados. Importa fazer o bem em favor deles.

Sobre o autor
Frei João de Araújo Santiago

Frade Capuchinho, da Província Nossa Senhora do Carmo. Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Mestre em Teologia Espiritual. Tem longa experiência como professor, seja no Brasil, como na África, quando esteve como missionário. Por vários anos foi formador seja no Postulantado, como no Pós Noviciado de Filosofia. Atualmente mora em Açailândia-MA. Já escreveu vários livros e muitos artigos.