Homilia da Segunda feira da Semana Santa (06/04/2020) - Frei João Santiago
Segunda-feira da Semana Santa
(João 12, 1-11)
"... 3.Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo. 4.Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse: 5.“Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?”. ... 7.Jesus disse: “Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura. 8.Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis ... ”.
- “Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo” Podemos até pensar que Maria (a irmã de Marta e Lázaro) realizou um gesto inconsequente e louco, um desperdício. Mas podemos pensar também que o seu gesto seja expressão de um “amor total e sem reservas”. Ungindo a Jesus, Maria reconhece a Jesus como Messias que deve reinar sobre ela e sobre todos. Enxugando os pés do “Mestre” com os cabelos, Maria se faz esposa do Esposo e declara que encontrou em Jesus sua redenção, o amor do seu coração. No “Cântico dos Cânticos”, o “Nome de Deus” é “Perfume” (“... o seu Nome é nardo exalado” – 1, 3). Deus é amor, é puro perfume, é pura fragrância e como todo perfume e como toda fragrância não se retém, mas se dá, “se exala”.
“Onde há amor e caridade, Deus aí está”. Naquele dia, Maria amou a Jesus, amou a Deus, e Deus que é amor, apareceu, “nasceu” naquela casa e todos puderam sentir. O verdadeiro “Natal” aconteceu, Jesus foi acolhido com amor, com perfume, pois Maria a Ele se entregou como um perfume que se “gasta” no corpo da pessoa perfumada. Naquele dia, alguém aprendeu a lição: Maria imitou a Jesus tornando-se perfume para o outro, para Jesus. Naquele dia, Maria, dando-se a Jesus, confirmou o Mestre no propósito de afrontar a Cruz, pois Ele se viu amado e acolhido em grandes proporções.
Jesus também exalará o seu perfume na Cruz a fim de que nós também cheguemos a perfumar e não empestear os nossos ambientes.
- “A casa encheu-se do perfume do bálsamo”: finalmente tudo se realiza, a “Criação” de Deus, a nossa casa, a nossa família, a nossa alma, se enche de perfume e Deus passa a nos habitar. A vida se torna plena e cheia de sentido. A amargura e todo “espírito ruim” são banidos.
- “Jesus disse: ‘Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura’”. Isto é: ela, derramando o seu perfume sobre Jesus, estava observando o maior dos mandamentos e estava fazendo Deus acontecer e reinar. Deus é amor e o amor vence a morte (Cf. 1Jo 3, 14).
- “Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis”. Sempre teremos entre nós os mais necessitados. Importa fazer o bem em favor deles.