Tamanho do Texto:
A+
A-

Homilia da Sexta-feira da Paixão do Senhor - (10/04/2020) - Frei João Santiago

Publicado por Frei João de Araújo Santiago | 10/04/2020 - 07:39

Sexta-feira da Paixão do Senhor

Lendo e meditando a longa passagem evangélica (João 18, 1-19, 42), chama-nos atenção:

- A taça oferecida ao Filho (18, 12). Todo filho tem uma missão (uma taça, um cálice). O maior pecado que possa haver é esquivar-se da própria paixão, do desejo maior, da própria missão.

- “O meu reino não é deste mundo” (18, 36). Jesus veio para testemunhar, viver pela verdade, dar provas da verdade, morrer pela verdade. As mentiras, injustiças e desavenças (que prenderam Jesus) não tem futuro, são próprias de um mundo destinado a se acabar. Aquilo que dura para sempre, que é firme para sempre, que tem futuro é que somos irmãos e filhos do mesmo Pai. Eis, aqui, a verdade.

- “Aqui tendes o homem” (19, 5). Jesus de Nazaré é o “homem”, o modelo de todo ser humano que vem a esta terra. Temos, portanto, alguém por conhecer, meditar e amar por toda a vida.

- “Mulher, aí está o teu filho ... filho, aí está tua mãe” (19, 26-27). Jesus, antes de morrer, repassa o que tem de mais precioso para o discípulo predileto, ou seja, repassa o predileto para a mais preciosa. Que sejamos o discípulo predileto, não qualquer discípulo. Só o discípulo predileto tem Maria por mãe, conhece a preciosidade de Jesus.

- A sede de Jesus (19,28). Jesus, redentor, “desconfiado” de que nem todo o mal ainda tinha sido “jogado” nele, mostra-se sedento de salvar e redimir toda a perversidade humana. De fato, mais um “mal” aparece: para um sedento que está morrendo oferecem “vinagre”.

- A morte de Jesus (19, 30). Jesus morre ativamente, morre se entregando, se rendendo, se entregando: “Inclinou a cabeça e entregou o espírito”. Morrer se entregando causa espanto, pois é descentrar-se de si e entregar-se a outro. O Filho entrega-se ao Pai: “pura queda livre”.

- O melhor de si para o pior dos soldados. Para quê ferir o corpo de alguém que já está morto? Pura maldade, pura perversão. Pois bem... para este pior dos soldados, Jesus oferece o melhor de si: “sangue e água” que saíram de si, do seu santo corpo. A maldade nunca terá a ultima palavra.

Sobre o autor
Frei João de Araújo Santiago

Frade Capuchinho, da Província Nossa Senhora do Carmo. Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Mestre em Teologia Espiritual. Tem longa experiência como professor, seja no Brasil, como na África, quando esteve como missionário. Por vários anos foi formador seja no Postulantado, como no Pós Noviciado de Filosofia. Atualmente mora em Açailândia-MA. Já escreveu vários livros e muitos artigos.