Homilia do II Domingo do Tempo Comum - ano A - Frei João Santiago
II Domindo do Tempo Comum - ano A
(João 1, 29-34)
29."No dia seguinte, João viu Jesus que vinha a ele e disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. 30.É este de quem eu disse: Depois de mim virá um homem, que me é superior, porque existe antes de mim. 31.Eu não o conhecia, mas, se vim batizar em água, é para que ele se torne conhecido em Israel’. 32.(João havia declarado: “Vi o Espírito descer do céu em forma de uma pomba e repousar sobre ele”.) 33.Eu não o conhecia, mas aquele que me mandou batizar com água disse-me: Sobre quem vires descer e repousar o Espírito, este é quem batiza no Espírito Santo. 34.Eu o vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus”.
- “João viu Jesus que vinha a ele e disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus’”. Jesus de Nazaré é o verdadeiro homem entre nós, o “Filho do Homem”. É modelo de todo homem, de toda mulher, a fim de que não percamos a vida, a fim de que os anos de peregrinação nesta terra nos sirvam para nos tornamos como Ele, como pessoas realizadas: felizes por terem facilitado, e não atrapalhado, a vida dos demais.
O pecado do mundo ou o mundo do pecado. Perdição! Infelizmente os homens são marcados pelo mal que os leva à arrogância da vida, à distância de tudo o que belo, bom e verdadeiro, à distancia do Criador. Desta forma o ser humano perde sua identidade mais verdadeira, sua capacidade de viver bem e em paz com os demais.
O Cordeiro. O “Povo de Deus”, injustiçado, esperava o “Leão da tribo de Judá” ou um novo “Rei” que realizasse a “desforra” e conquistasse tantos povos inimigos. No entanto, havia também a profecia: “Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. Ele não abriu a boca” (Is 53, 7).
O Cordeiro: animalzinho dócil e manso e que vive para se tornar alimento para os humanos. No sangue, a vida. A vida, o “espírito”, do cordeiro está no seu sangue. Para que a “ferocidade”, que destrói tudo e todos que estejam pela frente, se dê conta da própria malvadeza e malícia precisa se deparar com o “cordeiro”, com a inocência, com a docilidade, com a mansidão. Não será um “leão”, não será um “rei” despótico, a vencer aquele espírito perverso que reina no nosso mundo, interior e exterior, marcado pelo pecado. Será o “Cordeiro de Deus”, será o espírito de mansidão e de um amor pronto a entregar a própria vida pelo bem do outro, que poderá eliminar de nossa alma e de nosso mundo o pecado que faz sofrer, que faz mal. De fato, o “Cordeiro de Deus” libera o sangue, a vida, o espírito, que trazia em suas veias: libera uma força nova, a maior força, a única que pode trazer paz e alegria em nossas casas e comunidades. A maior força: “Ninguém tem maior amor (maior força) do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13).
Que sejamos felizes por termos aceitado o “Cordeiro” em nossas vidas, por termos facilitado, e não atrapalhado, a vida dos demais.