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Homilia do III Domingo do Advento / Frei João Santiago

Publicado por Frei João de Araújo Santiago | 16/12/2018 - 08:40

III Domingo do Advento  (Lucas 3,10-18)

- “10. Perguntava-lhe a multidão: ‘Que devemos fazer?’”.  A “Palavra de Deus” é e deve ser sempresignificativa, falar para o meu cotidiano e sempre possível de ser posta em prática. Multidão, publicanos e soldados se colocam em questão e perguntam a João Batista o que devem fazer. Nossa inteligência e vontade nos levam a fazer, a realizar, a tomar decisões e atitudes. Quando perguntam ao profeta João Batista sobre o que devem fazer, é porque travam uma busca, e até mesmo uma luta interior, para que o próprio fazer se adeque à vontade de Deus; sirva ao bem e à vida. A conversão real se expressa em atitudes, e não quaisquer atitudes, mas aquelas que mexam conosco. Mexendo conosco a vida será mexida, e o milagre é que é ali que a vida se esconde, pois esconde-se nos acontecimentos de nossas vidas, em certas palavras, olhares, gestos, sentimentos. “Teus passos estão diante de ti”. “Por que procurar fora o que está ao teu alcance?” “Uma pílula para resolver o problema?” “Um Guru para me guiar?”

Praticar é tomada de decisão. Praticar é trazer para si um destino, um amanhã. Eu me faço em minhas atitudes.

- “11.Ele res­pondia: ‘Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem; e quem tem o que comer, faça o mesmo’. “12.Também publicanos vie­ram para ser batizados, e perguntaram-lhe: ‘Mestre, que devemos fazer?’. “13.Ele lhes respondeu: ‘Não exijais mais do que vos foi ordenado’. 14.Do mesmo modo, os soldados lhe perguntavam: ‘E nós, que devemos fazer?’ Respondeu-lhes: ‘Não pratiqueis violência nem defraudeis a ninguém, e contentai-vos com o vosso soldo’”. O sonho de Deus é que os bens que venhamos a ter, os usemos com sabedoria a fim de que sirvam para nos unir, para estreitar relações, não para nos separar e nos dividir. A nossa posição social, a nossa força militar e o nosso código de leis....que sejam a serviço do bem comum, jamais motivo de usurpação ou de abuso de poder.

- “15.Ora, como o povo estivesse na expectativa, e como todos perguntassem em seus corações se talvez João fosse o Cristo, 16.ele tomou a palavra, dizendo a todos: ‘Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo’”. Uma coisa é querer mudar, outra é efetivamente mudar. O “fogo” faz isso. A Graça de Deus, o Espírito Santo, o “fogo” permite que o cristão “conquiste” a própria alma, a própria parte espiritual e divina. Aqui acontece a “posse de si” que supera as dilacerações interiores. O batismo de fogo ilumina o mundo interior, nos faz ver e entender, e assim queimam-se as ilusões. Desabrocha-se a vida que correndo nas veias deixa que Deus seja o Senhor de nossas vidas. 

 - “17.Ele tem a pá na mão e limpará a sua eira, e recolherá o trigo ao seu celeiro, mas queimará as palhas num fogo inextinguível’ ...”. O juízo de Deus. No seu juízo, o Senhor Deus terá atenção especial para o com o trigo, desprezando a palha do trigo. O mal será destruído, não o pecador, mas o pecado. Aprendamos a ajuizar também: demos maior atenção ao trigo bom presente em cada um de nossos irmãos, e menos atenção às palhas que se fazem presentes aqui e ali.

“E EU, QUE DEVEO FAZER?”

Sobre o autor
Frei João de Araújo Santiago

Frade Capuchinho, da Província Nossa Senhora do Carmo. Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Mestre em Teologia Espiritual. Tem longa experiência como professor, seja no Brasil, como na África, quando esteve como missionário. Por vários anos foi formador seja no Postulantado, como no Pós Noviciado de Filosofia. Atualmente mora em Açailândia-MA. Já escreveu vários livros e muitos artigos.