III DOMINGO DA PÁSCOA: "Tendes alguma coisa pra comer?"
III Dom Páscoa. João 21, 1-19.
3. “Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe eles: Também nós vamos contigo. Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam”. – Acordamos ao amanhecer, tomamos nosso café da manhã, planejamos o dia, trabalhamos.... Planeja-se o mês, as férias, o ano. Imaginamos qualquer mudança por fazer e a vida segue..... E o tempo vai passando e a vida segue. Mas segue como? Os apóstolos seguem, vão pescar e nada conseguem.... Viver sem nada conseguir é como viver sem entusiasmo, em errância, sempre na falta de “algo mais”, sempre fora do divino, como que entregue a si mesmo sem a presença do Outro que me traga alegria. Vamos porque vamos! Você já assistiu encantada uma criança pela primeira vez em um parque de diversão? Ali a criança é puro encanto, descobertas, felicidade. Viver em tal estado de contentamento seria um dia ter descoberto o motivo de existir entre tantas pessoas: “Eu sou um bálsamo para muitos corações que sofrem” (Etty Hillesum).
4.“Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não o reconheceram”. Deus é já presente, mas podemos não se dar conta. E como iremos nos dar conta? Não basta tê-lo seguido. Não basta ter escutado e saber dos seus ensinamentos. Se faz necessário intimidade com o Senhor, adesão de alma para com Ele. Por isso só o discípulo que Jesus amava reconhece: “É o Senhor!”. Na praia, Jesus? Pois é... símbolo do destino final. A Igreja navega, e Jesus como ressuscitado nos assegura o destino final, ele que lá já chegou. Agora é nossa vez de fazer nossa páscoa e de colaborar para que toda a humanidade também a faça. E Jesus, desde o porto seguro, como ressuscitado nos atrai a fazer nossa travessia.
6.“Disse-lhes ele: Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis”. Depois de terem reconhecidos não terem o que comer, Jesus ordena que lancem as redes. Lançaram-nas, e já não podiam arrastá-las por causa da grande quantidade de peixes. Bom, faz bem reconhecer nossa falta de peixe, isto é, nossa falta, nossos limites físicos, psicológicos, morais, espirituais e materiais. Só assim o médico Jesus pode fazer algo. Pense nisso: “Só é redimido aquilo que é mostrado”. A Palavra é precisa: a rede deve ser lançada ao lado direito. A situação mudou: a noite passou, a Luz se faz presente, é o Ressuscitado; a Palavra guia os apóstolos; o lado é o direito, isto é, os apóstolos passam a investir no que de bom há nas pessoas (deixam o ressentimento contra a humanidade que crucificara a Jesus), e a Palavra de Jesus pede que acreditemos que há um lado direito, que é bom, que promete, que pode dar frutos, e que nem tudo está perdido. Que nossas ações sejam motivadas: “Por que eu ajo assim e não daquela forma?” Que sejam ações justas: Que se procure o bem, não mal. Que nas minhas ações eu esteja comprometido(a): Não faço por fazer, mas com todo o meu ser me envolvo e assim eu mesmo(a) me transformo em nova pessoa.
7. “Então aquele discípulo, que Jesus amava, disse a Pedro: ‘É o Senhor!’ Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se às águas”. Aqui, Pedro não possui uma capacidade, Pedro está nu, falta-lhe algo: a veste do serviço e com esta veste receber um batismo nas águas, uma renovação. Pedro, então, terá a capacidade, a capacidade de ter a própria vida em mãos e fazer dela um grande serviço à comunidade. Tornar-se-á um grão que dará frutos. Passaremos anos nesta terra e quais frutos deixaremos? Pessoas que passaram por nós passaram a acreditar mais no bem, na beleza, na honestidade, na fidelidade, na felicidade, em Deus e na sua Igreja?
11. “Subiu Simão Pedro e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinqüenta e três peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede não se rompeu”. 153 é a soma do quadrado, do triângulo e da esfera: Deus, a ressurreição, cria harmonia na diferença, elimina as lacerações, feridas, rasgos que não temos como cicatrizá-los. Por vezes ficamos a pensar quando e como os seres humanos passarão a viver como uma só família (basta lembrar dos desafios do terrorismo, do trabalho escravo, do drama dos refugiados, das guerras e envolvimentos em conflitos – dos 162 países, só 11 não estão envolvidos em conflitos). Deus, o Ressuscitado é Aquele que nos chama para águas mais profundas, para afrontar grandes desafios, desafios de superação. Qual superação você já realizou por crer no Ressuscitado? O Ressuscitado faz você realizar algo positivo que você não acredita ser em grau de realizar e faz superar aquilo que você julga por demais medonho para afrontar.
15. “Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? ... quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres”. Pedro é chamado a amar a Jesus. A Igreja deve amar a Jesus para além de todo poder, reconhecimento, negócios. Pedro, a Igreja é chamado a ceder aos apelos do espírito, não ser contumaz, mas dócil ao espírito (deixar que o Outro nos leve). E quem foi que disse que Deus não queira redizer a sua vida? E quem disse que Deus não queira algo grandioso de você? E quem foi que disse que Deus não queira curar a raiz do seu medo e de seus males? E quem foi que disse que Deus não transforme o seu caráter e lhe faça uma pessoa diferente (vivaz, alegre, trabalhadora, solícita, afetuosa, justa)?
E quem foi que disse que Deus não queira redizer a sua vida? E quem disse que Deus não queira algo grandioso de ti? E quem foi que disse que Deus não queira curar a raiz do teu medo e de teus males? E quem foi que disse que Deus não transforme o teu caráter e te faça uma pessoa diferente (vivaz, alegre, trabalhadora, solícita, afetuosa, justa)?