III DOMINGO DA QUARESMA - 2016 : não a nós, Senhor, não a nós, mas a vós a Glória.
III DOMINGO DA QUARESMA - 2016
Não a nós, Senhor, não a nós, mas a vós a Glória (Salmo 15).
Ex 3, 1-8ª.13-15; Lucas 13, 1-9.
A primeira leitura deste domingo nos traz algo extraordinariamente belo, o encontro entre Moises e Javé, que se mostra na sarça ardente (é uma planta espinhosa da família das fabáceas, gênero Acácia). Javé adverte, avisa, exorta: “Moisés, Moisés ... Não te aproximes! Tira as sandálias dos pés porque o lugar onde estás é terra santa”. As sandálias eram confeccionadas de couro, e, o couro, mesmo tendo sido eliminado dele escórias de carne e nervos, e até depois de curtido, não deixe de ser resto cadavérico, presença de morte. Aqui entendemos porquê Javé pede a Moisés de tirar as sandálias. Significado: Javé é Santo, é outro, não se corrompe, não se mistura com nossos crimes, mentiras, falsidades, enganos, roubos, adultérios, etc.
Por aqui podemos imaginar o quanto nefando terá aparecido aos piedosos judeus o crime de Pilatos: misturar sangue de pessoas assassinadas por ele ao sacrifício ritual oferecido a Javé. Se um simples par de sandálias já se considera impuro, quanto mais sangue de várias pessoas mortas..... Os judeus se sentiram ultrajados e viram a religião escarnecida por aquele pagão romano chamado Pilatos. Contam o fato para Jesus, esperando que Jesus reaja (quem sabe organizando uma rebelião), mas Jesus sabe o que há dentro do homem, e não veio para passar um paliativo, mas um remédio de verdade: não basta fazer uma rebelião, trocar a liderança e continuar a roda de violência e mentira de governos. Precisa-se ver o Reino primeiro, o Reino do Pai, ser reinado pelo Reino do Pai. Eu, você, nós precisamos ver o Reino, sem isso nós não nos converteremos, e Jesus adverte: “Se vós não vos converterdes perecereis do mesmo modo”. De fato, não se converteram e no ano 70 da era cristão o general Tito entrou em Jerusalém e acabou com tudo e todos. Não é fácil em poucas linhas descrever a realidade do Reino, mas podemos afirmar que foi aquilo que Moises viu: Javé é Santo, é outro, não se corrompe, não se mistura com nossos crimes, mentiras, falsidades, enganos, roubos, adultérios, etc.. Outro exemplo temos com Pedro quando disse a Jesus: “Afasta-te de mim, sou pecado!”. O Reino na nossa frente nos desnuda e nos deixa de cara com o Real que subiste, e descobrimos o que valemos realmente, o que somos de verdade; descortinamos um mundo novo, o mundo divino, que esmaga o nosso eu mesquinho feito de amor próprio e de sensualidade evanescente e narcisisitica.
Desastre na Torre de Siloé. Morrem 18 pais de família. Castigo dos Céus?. Jesus diz: “Não!”. Essas imperfeições fazem parte desse mundo nosso humano. Jesus só nos adverte de não morrermos do mesmo modo. Perecer, iremos! Depende de que maneira. Perecer de mero acaso, de mera fatalidade ou morrer de oportunidade de entregar-se a quem se ama. Importa viver convertidos: INVISIBILEM TAMQUAM VIDENS (Como se vissem o Invisivel).
No Final do Evangelho nosso Senhor nos fala de um prazo. Isso... precisamos de um prazo. A vida vai nos ensinando, vamos aprendendo com as quedas e importa gerar e produzir frutos, dons: frutos de amor a Deus, de justiça, compaixão, concórdia, solidariedade, alegria, paz, esperança, de lavar os pés cansados do irmão. Na vida e nos seus percalços Deus vai nos solicitando com gemidos inefáveis para produzirmos frutos....Ao mesmo tempo a Palavra nos adverte: o prazo, como todo prazo, termina. Será bom termos feitos de nós um belo fruto; será – no mínimo – lastimoso termos feitos de nós um fruto mais ou menos murcho.
Por mais que queiramos o domínio e o controle, eles não estão em nossas mãos.... urge, portanto, acatar o domínio do Bem maior sobre nós e perdemos a vista para a visão Dele.
Só navegar eu preciso
Já não vivo mais
Sem ti
Desamor não dá aviso
Vida minha
Te perdi
Minha verdade de homem
Se nega
E desatina
Eu morro por tua fome
Perdição
Que não termina
Meu coração
Sem poesia
Vai desistindo de amar
Solidão é fotografia
No vazio do meu olhar
Trocar de alma
Talvez
Sentir outro sentimento
Virar meu corpo
Ao revés
Abrir novo ferimento
Meu destino não descansa
Com a dor que ninguém sabe
Dançar
Dançar essa dança
Até que um dia eu desabe