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IV DOMINGO DA PÁSCOA

Publicado por Frei João de Araújo Santiago | 16/04/2016 - 12:40

IV Dom Páscoa (João 10, 22. 27-30)

Celebrava-se em Jerusalém a festa da Dedicação. ...  As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão. ...”.

Na festa da dedicação ou purificação do templo havia a ornamentação do templo com muita iluminação. Tudo ficava muito belo. Assim como em toda festa procurava-se enfeitar, ornamentar o ambiente. Pois é.... aqui Jesus se apresenta como o “Belo Pastor”, isso mesmo, em grego “bom” e “belo” se confundem: é a mesma palavra. Jesus, portanto, é o bom e belo Pastor. Não mais no templo somos chamados a buscar a festa, a alegria, a beleza, mas em Jesus Cristo. Ele, que nos chama e nos desafia sempre a sermos belos. E assim fazendo também tornaremos bela nossas famílias e nossas comunidades.

- As ovelhas escutam. Eu escuto quando a Palavra me provoca, me tira de mim, mexe comigo.  Um velho sábio dizia: “Jamais confie em quem não sabe escutar”. De fato, quem não escuta não presta atenção, não considera quem está ali diante dele”. Sem escutar não podemos compreender os fatos da vida, o sentido das coisas, e então passamos a fazer juízos apressados sobre fatos e pessoas. Foi o caso de São Pedro quando disse a Jesus: “Que isso (a cruz) não te aconteça”, ao que Jesus respondeu: “Sai daqui satanás: tu não pensas como Deus, mas como os homens”. Façamos nosso exame de consciência de como julgamos os fatos da vida e as pessoas que passam por nós; e também como temos “escutado” os apelos de Deus. Certamente o “escutar” a Deus provoca minha liberdade. Que faço com minha liberdade? Uso-a para mim? Pode ser! Mas oferecê-la amorosamente ao Senhor traz, certamente, maior prazer, pois, aí sim, entramos em relação amorosa com Alguém.

As ovelhas não perecerão. Tememos perecer! Tememos certos comentários, tememos perder pessoas, coisas, saúde!  Em quê nos ancoraremos já que não temos poder absoluto nem sobre nossos filhos, nem sobre nosso cônjuge, nem sobre nossos bens, nem sobre a própria vida? Se a mais firme âncora de nossas vidas for mesmo o Senhor, não temeremos, pois o apoio maior é Ele. Cabe a nós apoiar-se, confiar nesse Pastor. A verdade é que a mim nada pertence, mas eu pertenço a Ele, e isso basta. Todas as pessoas que amo pertencem a Deus, e isso basta: nada perderei.

As ovelhas conhecem. As ovelhas eram criadas sobretudo para o leite e a lã. E assim permaneciam por anos e anos em companhia do pastor que terminava por conhecer o caráter de cada uma e chamá-la com qualquer apelido afetuoso. E assim o Senhor conhece a cada pessoa pelo próprio nome, isto é, na mais íntima essência e como se existisse somente ela. Conhecer a Jesus, o pastor, é ter sintonia de pensamentos, projetos; é também um gostar recíproco que dá frutos, tal como o esposo conhece a esposa e terminam por gerar um filho.

Alguém conhece uma pessoa quanto sente e sabe, para além das palavras e gestos, aquilo que esta pessoa traz dentro de si. Eu só conheço a Palavra se esta me modifica. Os discípulos conviveram com o Senhor: aquela vida comum os modificou. Com quem convivemos?

Você sabia? Havia sempre ovelhas fujonas. Aí o pastor dava uma “pancadinha” a fim de que ela por um tempo não andasse tanto. Permanecendo próxima ao pastor passava a reconhecê-lo mais e também ficava menos a mercê dos lobos. 

Você sabia? As ovelhas tem baixa visão e olfato aguçado. Daí que o pastor tem que ter proximidade para com as ovelhas a fim de elas sintam o cheiro dele, e saibam que é o pastor delas. Nos perguntemos: quais “pancadinhas” temos recebido a fim de mais próximos ficarmos do Senhor e a fim de distinguir o “cheiro” d´Ele? E os lobos? De quantos lobos e feras nos livraram o nosso Pastor?

As ovelhas me seguem.  Jesus passou entre nós fazendo o bem e curando a todos! Algo acontece com quem escuta e segue o pastor. Tal ovelha não perecerá, será salva, terá a vida eterna.  Jesus oferece a nós – já aqui na terra – uma nova qualidade de vida: a vida do Eterno. Sentimos já em nossas vidas essa alegria da vida do Eterno?

Sobre o autor
Frei João de Araújo Santiago

Frade Capuchinho, da Província Nossa Senhora do Carmo. Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Mestre em Teologia Espiritual. Tem longa experiência como professor, seja no Brasil, como na África, quando esteve como missionário. Por vários anos foi formador seja no Postulantado, como no Pós Noviciado de Filosofia. Atualmente mora em Açailândia-MA. Já escreveu vários livros e muitos artigos.