Lembro-me de dom Franco
Lembro-me de dom Franco Cuter como mestre no Postulantado. Para além de tantas vicissitudes, agradeço a Deus pela confiança que ele, dom Franco, tinha para conosco postulantes. Exercia uma sadia paternidade enquanto nos estimulava a superar certas morosidades típicas dos jovens e enquanto nos deixava livre para bem vivermos entre nós, evitando todo tipo de “predileções” ou coisas semelhantes tão comuns em casa de formação.
Lembro-me de dom Franco como professor. Inteligência incomum, grande capacidade de memória, “espantosa” capacidade de abstração e certeiras leituras da realidade.
Lembro-me de dom Franco como missionário. Uma vez vi que possuía livros de literatura brasileira. Entendi que procurava conhecer a “alma brasileira” a fim de melhor semear a Palavra. Era desejoso que os seminaristas estudassem “história da arte” para, pelo menos, dizia ele, saberem projetar uma igreja, quando padres fossem.
Lembro-me de dom Franco como sacerdote. Preocupadíssimo com a pastoral: reunia mais de uma vez por mês os catequistas da paróquia a fim de formá-los; queria que todas as comunidades tivessem uma expressão cultural (“boizinhos”, dança portuguesa, quadrilha e outras expressões); sonhava em ter uma grupo de escoteiros na paróquia do Anil; zelante da doutrina da Santa Mãe Igreja (como gostava de falar) naqueles anos tumultuados (“Anos 80”); amante da liturgia e da arte sacra sempre procurava adquirir belos paramentos a fim de engrandecer o culto divino.
Lembro-me de dom Franco como provincial: certa feita, enquanto a sala capitular “lutava” pelos 30 dias de férias, e não mais 20 dias, falou: “Eu quero ver quando (os frades) irão fazer uma reivindicação que os leve a mais serviço em prol do Reino”.
“Per misericordiam Dei, requiescant in pace”.
Frei João Santiago
Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB
Por Frei José Lázaro Oliveira Nunes (Fraternidade Cúria Provincial N.S. do Carmo MA/PA/AP/CUBA (São Luís/Centro))