Neste “Domingo de Pentecostes” lemos que Jesus se apresentou mostrando aos discípulos as mãos e o seu lado. Mãos que fizeram o bem e coração que amou. Cada um de nós tem a própria marca, seu próprio jeito. A marca de Jesus era mãos e lado abertos: marca de quem ama porque amado pelo Pai.
Nosso irmão frei Francesco Donesana seguiu, faleceu, se rendeu ao nosso Deus, à Santíssima Trindade, assim como a toda família espiritual (os irmãos e irmãs que já estão em Deus). Qual a marca do “Cesco”? Narro uma marca que ele deixou em alguém. A partir desse fato cada um pode muito bem tirar suas conclusões.
Conheci uma senhora. Certa feita se dirigiu ao convento dos frades em Marabá em busca de luz, esperança, consolo, apoio. Não era de Marabá. Não tinha muitos conhecidos. Meio sem rumo, seja no que se refere a trabalho, seja no que se refere a vínculos. Chegando ao convento, sentou por ali perto do “postinho” frei Pio. Frei Francesco saia de carro, viu aquela cena, seguiu mais umas dezenas de metro e.... decidiu retornar. Parou, desceu do carro, e se fez presente. Foi a primeira confissão daquela senhora. Até hoje a senhora sempre diz que só frei Francesco sabe do seu passado, e que se é hoje católica deve isso ao frei Francesco, pois ele deu atenção na hora, no momento certo. Marca de acolhida deixada na alma de alguém. Frei Francesco, portanto, deixou para aquela senhora um legado, uma herança, a marca de Deus que se dispõe e que faz espaço ao outro.
Parece até história dos primeiros capuchinhos! Todos sabemos que frei Francesco nestes últimos anos estava por demais feliz e tinha escontrado o lugar para ele ser feliz. Era o abrigo dos idosos. Confidenciava comigo que não queria outra coisa na vida, queria ficar com os pobres do abrigo. E quem disse que a Palavra não é praticada? Eis a Palavra que “Cesco” viveu: “... o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me’” (Mt 25, 32ss).
P.S. Não acho que tenha sido mero acaso que tenha falecido “véspera” da festa de São Félix de Cantalício.
Açailandia, 20 de maio de 2018-05-19 Frei João de A. Santiago
"Recordadmos a todos que seguindo a Tradição de Nossa Ordem celebrem segundo o costume em sufrágio de nosso irmão Frei Francesco" (Frei Sílvio de Almeida - Minis. Provincial)
Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB
Por Frei José Lázaro Oliveira Nunes (Fraternidade Cúria Provincial N.S. do Carmo MA/PA/AP/CUBA (São Luís/Centro))