São Francisco Solano
Sacerdote da Primeira Ordem (1549-1610). Canonizado por Bento XIII no dia 27 de dezembro de 1726.
Apóstolo do Novo Mundo, Francisco nasceu em Montilla (Córdoba, Espanha) a 10 de março de 1549, terceiro filho de Mateus Sánchez Solano e de Ana Jiménez, família abastada e de nobre ascendência. Fez seus estudos em Córdoba, junto dos jesuítas onde mostrou ser pessoa dotada de viva inteligência, dada à contemplação e à caridade. Antes de concluir os estudos de medicina, que havia iniciado com brilhantismo, pediu para ingressar na Ordem dos Frades Menores da Província de Granada. Em 1569, vestiu o hábito dos frades e, no ano seguinte, emitiu a profissão religiosa.
Sempre muito austero, paciente, humilde e perfeito na observância da Regra, continuou os estudos de filosofia e teologia no Convento de Santa Maria de Loreto, em Sevilha, morando em minúsculo canto do coro. Celebrou sua primeira missa a 4 de outubro de 1576. Em 1581 foi nomeado mestre de noviços do convento de Arruzafa (Córdoba), ofício que continuou a desempenhar no Convento de São Francisco do Monte da Serra Morena para onde foi transferido em 1583 e onde exerceu depois as funções de guardião e de pregador. Em todas as partes, acompanhava-o a fama de santidade e de taumaturgo devido aos milagres que realizava. Quando ocorreu o alastramento da peste bubônica na vizinha cidade de Montoro, voluntariamente se ofereceu para cuidados dos empestados. Transferido em 1587 para o convento de São Luís da Zubia, perto de Granada, foi eloquente e estimadíssimo pregador popular e apóstolo entre os doentes e presidiários em todo o território circunvizinho.
Uma vez abandonada a ideia de se dirigir aos países muçulmanos para morrer mártir querendo assim fugir da veneração do povo, pediu para fazer parte da expedição missionária destinada à América. No dia 28 de fevereiro de 1589, partiu no navio Sanlucar de Barrameda com outros onze confrades conduzidos pelo padre Baltazar Navarro, custódio de Tucuman, e chegou a Cartagena, na Colômbia, em maio do mesmo ano. Daí continuou até Nome de Deus, no Panamá, que atravessou a pé até atingir as margens do Pacífico.
Quando se dirigia ao Peru, o galeão em que viajava com o grupo, afundou perto da ilha de Górgona em frente à Colômbia. Francisco se considerou pastor desta comunidade de desesperados, entre as quais, muitos escravos. Depois de dois meses de sofrimento foram recolhidos em outra embarcação e levados até um porto ao norte do Peru. O santo frade continuou a viagem a pé até a cidade de Lima. Foi, então, designado imediatamente missionário na longínqua Tucuman, ao norte da Argentina. Para lá chegar deveria fazer a cansativa viagem de três mil quilômetros através dos Andes a pé ou sobre o lombo de um pobre animal.
Tendo chegado a Tucuman em novembro de 1590 foi lhe dada a incumbência da Custódia Franciscana de São Jorge, fundada em 1565, com a finalidade de ocupar-se das missões. Vencendo não poucas dificuldades de língua, fundou a missão ou redução de Socotonio e Madalena, das quais foi pároco missionário, exercendo ministério junto a indígenas Diaguitas, dos quais se tornou evangelizador, civilizador, pacificador e defensor, tendo sido muitas vezes agraciado com dom das línguas. Entre todas as suas grandezas conta-se a da pacificação desta população rebelde na quinta-feira santa de 1591. São atribuídos a Francisco duzentas mil conversões e batizados de infiéis. Em 1592 estendeu seu apostolado aos brancos e “crioulos” .
Em 1595 foi chamado pela obediência a dirigir-se ao Peru onde foi nomeado guardião do convento de recoleção de Santa Maia dos Anjos em Lima, cargo que renunciou considerando-se sem capacidade e sem méritos para o exercício. Em 1602 foi transferido para Trujillo, onde exerceu a função de guardião. Pregador enérgico e inspirado ficou célebre com o fato de ter profetizado em 12 de novembro de 1603 a destruição da cidade, que aconteceu em 14 de fevereiro de 1619. Tendo voltado a Lima e nomeado ainda uma vez guardião, no dia 20 de dezembro de 1604 percorreu ruas e praças da cidade com um crucifixo nas mãos provocando um tal estado de comoção que obrigou o vice-rei a intervir. Mesmo sendo muito austero, mostrava-se alegre e costumava tocar violino para alegrar-se a si mesmo e aos confrades e também como instrumento de pastoral para aproximar-se dos índios.
Devido às suas penitências, nos últimos tempos de sua vida, viveu no convento-enfermaria conhecido como Máximo de Jesus ( hoje São Francisco), em Lima. Durante o terremoto de 1609, padre Francisco levantando-se com dificuldade queria confortar a população com sua palavra de fé. Não conseguiu mais recuperar a saúde. Morreu santamente em Lima a 14 de julho de 1610, enquanto, a seu pedido, os frades cantavam o Credo. Suas últimas palavras foram: “Glorificetur Deus”. Foi sepultado na igreja do convento. Seu corpo foi carregado pelo arcebispo de Lima, pelo vice-rei e por outros personagens ilustres.
Foi canonizado por Bento XIII a 27 de dezembro de 1726.
(Tradução livre da obra Frati Minori Santi e Beati, publicação da Postulação Geral da Ordem dos Frades Menores, 2009, p. 275-277).